Fernando Fragoso, aka Fragoso, divide a sua atenção entre o DJing, a produção e as labels Home-Made e Faina Music.
Recentemente, em parceria com DJ Vibe e Bessone, editou “Playground”.
Fomos conhecer mais do que se passa no “recreio” musical deste produtor aveirense.
Desde quando é que começou o teu interesse pelo DJing e pela música eletrónica?
Começou em 2003. Na altura integrava uma banda e havia um interesse geral em explorar o lado do turntablism como forma de trazer um edge ao som da banda. Acabei por ir a uma loja de discos e a partir daí tudo aconteceu.
…e quais foram as tuas principais influências?
Lexicon Avenue, John Digweed, Laurent Garnier, DJ Vibe, Sasha.
A produção veio depois? Ou foi um objectivo logo desde o inicio? Vi que também tens trabalhos relacionados só com masterização… ?
A produção já vinha de trás pela minha ligação à banda, gostava de gravar e sequenciar em midi. Foi inevitável começar a experimentar com um foco mais virado para a electróncia. Sim, trabalho frequentemente em mix e mastering tanto para editoras como para outros artistas.
És muito perfecionista em estúdio? Demoras muito a finalizar algo?
Sempre fui muito perfeccionista, mas rapidamente me apercebi que esse mindset por vezes trazia mais prejuízo que benefício. Hoje em dia considero que tenho uma tendência a ser perfeccionista, mas evito. A experiência aliada a esta tendência perfeccionista permite obter um equilibrio.
Estás envolvido na editora home/made e na faina music. Quais são as diferenças entre estes dois projectos? A faina music é também agência de djs/produtora de eventos ?
A Home/Made é uma halo label, surgiu da ideia de nos expor (produtores) ao circuito externo. É uma label completamente conceptual com guidelines tanto a nível de escolha musical como técnicos, muito puristas, diria. Tem como regra só editar artistas Portugueses. E distingue-se por um som bastante deep e clubby, ocasionalmente indo ao experimentalismo de vertentes revivalistas como o electro actual ou breakbeats.
A Faina é um pouco diferente. A Faina começou como produtora de eventos que mais tarde sentiu a necessidade de ter uma editora como forma de não só dar visibilidade aos artistas do crew e conceito da produtora como também para dar abertura a novos talentos para se exporem e integrarem connosco. Em termos musicais segue a identidade da produtora. Muito eclética e abrangente.
No caso da home/made já são mais de 100 edições… como dividem o papel de A/R na escolha de temas a editar?
Desde 2021 que o Bessone ficou com a função de A&R da Home/Made e eu fiquei a fazer esse trabalho na Faina.
Vocês tem muito feedback internacional do vosso trabalho. Há um foco grande da vossa parte na internacionalização?
Sim, penso que é essencial exportarmos o que fazemos por cá. Assim como cultivarmos sinergias com produtoras, labels e artistas externos.
Falta colaborações e partilha de ferramentas, samples etc… entre os produtores portugueses…
É algo que potenciaria a criação de uma “sonoridade nacional”!
Porquê a escolha do bandcamp para a editora e não outras plataformas como o beatport?
É uma questão controversa, mas basicamente, o Bandcamp dá-nos a liberdade e rentabilidade que desejamos. Continuamos a ter música disponível no Beatport e plataformas similares, mas apenas como “Stream Edits”, focadas na reprodução por parte do público. Sendo que o Beatport actualmente também permite stream. Quem quer extendeds via download e já conhece a label, sabe que é no Bandcamp ou nas lojas quando fazemos edições em vinyl, como foi o caso recentemente na Home/Made. Temos o mesmo modelo em ambas labels.
Estão abertos a receber demos de novos produtores?
Estamos sempre abertos a receber demos, quer na Faina como na Home/Made. Ouvimos tudo o que chega até nós.
És de Aveiro, como vês a cena eletrónica na cidade?
Com positivismo. A “cena” Aveirense já foi uma referência no passado e posteriormente entrou num período de pausa, mas os apreciadores de electrónica e os criadores nunca deixaram de existir. Nos últimos anos com a criação de novas produtoras, houve uma revitalização do circuito e atracção das pessoas pelo mesmo.
…e a nível nacional ?
Penso que é um pouco análoga ao que se passou em Aveiro, mas numa escala diferente. Passámos de uma situação desértica para uma procura e oferta como já não víamos há muito tempo.
Tens uma colaboração muito estreita com o Bessone. Como surgiu essa parceria?
Eu e o Diego somos amigos já há alguns anos. Foi natural, ambos já produzíamos. Tivemos alguns b2b’s em eventos da Faina no passado. Colaborarmos em estúdio foi inevitável. O meu estúdio é partilhado com os Lazer Mike e é frequente reunirmos-nos lá, com amigos, outros produtores. Então isso aconteceu naturalmente.
…e a colaboração recente com DJ Vibe em “Playground”?
O Diego estava comigo na Home/Made e há algum tempo que tínhamos a intenção de colaborar com o Tó. Já tinha existido uma colab para uma remistura do Fauvrelle no passado, então era sem dúvida um passo a acontecer. Como o Diego já tinha tido alguns contactos prévios com o Tó, acabou por surgir o convite para integrar o “A Paradise Called Portugal” e durante esse processo também trocámos ideias e a colaboração surgiu. A “Playground” é a primeira de várias que já foram cozinhadas.
Achas que faz falta mais colaborações entre produtores nacionais?
Sim. Colaborações e também partilha de ferramentas, samples etc… É algo que potenciaria a criação de uma “sonoridade nacional”
Há algum produtor internacional com que gostasses particularmente de trabalhar?
Ricardo Villalobos, Moritz Von Oswald, Traumer, Steve O’Sullivan, Delano Smith, Barac, Ion Ludwig,….
Quais os teus principais planos a médio prazo?
Tocar fora do país com maior frequência.
Raio X
Nome próprio: Fernando Rodrigues Fragoso
Ano de nascimento: 1987
Estilo musical que tocas: House
Os preferidos:
DJ: DJ Vibe
Club: Warung Beach Club
Produtor: Traumer
Festival: Fuse – Detroit
Filme: The Hateful Eight
Software: XLN Audio – XO
Hardware: Akai APC40 MK1
Top-3 de músicas no teu dj set atual:
DJ Different “Meet Me At The Graveyard”
Nu Zau “Next 153”
DJ Vibe, Fragoso – Don’t Stop (Dub Mix)
“Playground” by DJ Vibe, Bessone, Fragoso já está disponivel no bandcamp