Mike Kings é um símbolo de resistência no underground. Após uma pausa de quase uma década, o produtor regressa com novos lançamentos e uma visão que combina evolução criativa e fidelidade às suas raízes. Nesta conversa, ele reflete sobre a sua jornada, a influência de editoras icónicas no seu percurso, e o significado por trás do EP Underground Resistance, lançado pela NY Love.
Com 20 anos dedicados à música underground, o que te manteve motivado a preservar a essência deste estilo ao longo do tempo?
A explicação mais natural é a de que sempre gostei da abordagem menos mainstream à música de dança, menos flashy, um bocado mais dirty, muito colada a NewYork. Claro que com o passar do tempo senti necessidade de produzir outras coisas mais orgânicas, mais melódicas, que assino como Miguel Reis, mas há qualquer coisa ali na vibe do início dos anos 2000 que me acompanha quase sempre quando produzo como Mike Kings. “You know what I’m talking about!” (risos…)
Contudo, é possível que também haja uma explicação meio subconsciente que é a de tentar preservar essa sonoridade mais underground e twisted do início dos anos 2000 e da vibe de coisas que me saltam agora à cabeça como se fossem um campo semântico: Peace Division, Danny Tenaglia, Murk, Low End Specialists, Deep Dish, Lexicon Avenue, John Creamer & Steph K, dos Global Grooves do Vibe, da Twisted Records, do Global Underground, da Solid Textures… assim sem pensar muito.
Esta é a explicação mais profunda…mas nunca tinha pensado nisto até hoje.
Após uma pausa de nove anos, como foi voltar à produção musical?
Bem, houve um dia que me questionei se ainda conseguiria produzir e com que nível, pois já tinha passado muito tempo. Experimentei o Logic, que era um software novo para mim e senti aquele “bichinho” novamente, quase terapêutico e até catártico. Acabei por lançar uma faixa na editora Be Positive, do Luís Ferro, que tem feito um trabalho incrível na editora, com muita humildade e destaque aos artistas nacionais. Pouco tempo depois, editei na Kult Records de Nova Iorque e agora volto a editar novo trabalho pela NYLove, também de NY, gerida pelo John Creamer.
O mais relevante foi perceber que havia outros miúdos como eu, com o mesmo interesse em música eletrónica.
No início da tua carreira, tiveste uma faixa selecionada para a compilação Future Club da Dance Club. Que impacto teve essa oportunidade no teu crescimento como artista?
Foi um marco importante, deu-me alento para continuar a produzir e maior visibilidade. Lembro-me de olhar para o CD e dizer “olha, este sou eu”, e mostrar à família. O mais relevante foi perceber que havia outros miúdos como eu, com o mesmo interesse em música eletrónica. Isso criou um sentido de comunidade. A faixa chamava-se “Free Underground”, o que já refletia a minha consistência desde o início. Hoje, o nível está muito mais alto; aquela faixa não seria selecionada. Para quando o regresso do Future Club?
Ahahh já no inicio de 2025 ;)!
Vários produtores têm afirmado que falta colaboração entre os “colegas” portugueses…o que achas?
As pessoas quando querem colaborar, mandam um email, uma mensagem, mostram interesse e as coisas acontecem. O mundo já tem dramas suficientes
Texto: Nuno Rodrigues
Foto: D.R.
Mike Kings “Underground Resistance” [NY Love] está disponivel no beatport
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