Depois de um concurso mundial para “music is the answer” e da compilação “futurism”, Danny Tenaglia quer afirmar que está mais activo do que nunca.
Ser um nova-iorquino é uma das infuências principais para ti desde o início da tua carreira. Se alguém te perguntasse qual é a maior in uência da cidade em ti, o que responderias?
Nova Iorque infuencia-me desde a minha infância. Lembro-me de passar em Brooklyn, a ouvir música por todo o lado. Em casa não faltavam discos de Frank Sinatra e dos Mamas And The Pappas, quando me tornei adolescente fui parar à Philly Soul e já em fase de me tornar adulto fui tocado pelo Paradise Garage. A história desta cidade de noite é rica: David Mancuso, Larry Levan e o começo da cultura de club mo- derna. E, obviamente, que não posso esquecer a minha residência “Be Yourself” de cinco anos no Vinyl/Arc.
Há sempre uma energia muito particular no ar em Nova Iorque: energia, vida, arte, significado.
Dá-nos um retrato geral da música electrónica em Nova Iorque da actualidade.
Penso que hoje o contexto da música em Nova Iorque já não prima muito pela ideia de comunidade. Existem artistas mais antigos que dinamizam a cena há muitos anos, tentando encontrar e apoiar novos talentos. Depois a cida- de vive pelos seus ritmos de regeneração natural, há pessoas a descobrir a música pela primeira vez, a serem inspirados por artistas a perseguirem uma carreira na música. Ou então, ficam-se pelo lado dos amantes da cultura, sendo adeptos incondicionais de DJs e de clubs. Em Nova Iorque não há uma cultura dominante; apenas um sistema constante de apoio à música.
Tu foste uma grande infuência para uma geração de produtores portugueses e espanhóis. Como é que avalias a infuência, inversamente e por exemplo, de pessoas como o Vibe, o RuidaSilva e o Chus em ti?
Eu não posso subestimar a sua importância. Todos esses produtores infuenciaram-me bastante. Sou um adepto incondicional do sua forma tribalista e dark de música de dança. Também fico sempre surpreendido como conseguem criar momentos belos na pista de dança. Pessoalmente, sinto-me um privilegiado por os ter como amigos. Portugal, para mim, ainda é um paraíso.
Portugal, para mim, ainda é um paraíso.
O que é que mais te tem interessado na música recentemente?
É interessante notar que nos últimos tempos estou a sentir o meu gosto muito voltado para pessoas novas. Deve ser também um sinónimo da minha vontade de me renovar. Há produtores com um grande talento, como Luca Bacchetti, Radio Slave e Davide Squillace. Noutro plano, há um facto que muito me agradou, que foi ver a reinvenção do Dub re, enquan- to artista fora dos Deep Dish.
Quando estás a criar beats no teu estúdio, pensas em ambientes de club intimistas ou nas atmosferas de club massivos?
Nas mãos de um DJ capaz, qualquer faixa soa bem em qualquer local. Sempre me regi por isso nas minhas produções e como DJ. No entanto, reconheço que o meu tema “Space Dance” foi feito com o terraço do Space de Ibiza na minha mente.
Porque é que abriste um concurso mundial para a remistura do clássico “Music Is The Answer” que fizeste com a Celeda?
As pessoas adoram esse disco. Ainda consegue criar um clima de alegria e liberdade que eu sempre quis transmitir. A Beatport e a Twisted vieram com essa ideia, e pensei que seria interessante ouvir novas interpretações desse clássico.
“Futurism” é a tua nova compilação. O que quiseste criar com ela?
Quero mostrar às pessoas o que ando a tocar actualmente. Foi um projecto muito pessoal pois nos últimos seis anos mudei bastante a minha forma de actuar. “Futurism” é um lado mais techy de Danny Tenaglia. Mas sem perder algo que sempre me distinguiu, que é ter bastante percussão, groove e vocais interessantes.
Texto: Artur Soares Silva
Fotos: Matthew Enbar
in Dance Club #136 (Set.2008)