Carlos Manaça – “O DJ deve tocar o que realmente sente, não seguir modas!”

carlos manaça

Acede a esta entrevista completa por apenas 2,99€ (pagamento único)

A comemorar 38 anos de carreira, Carlos Manaça traz uma visão rica sobre as mudanças na indústria, o impacto da pandemia e o desafio constante de se manter autêntico num mercado onde as ‘modas musicais’ vêm e vão.
Esta conversa revela não só a experiência de um dos pioneiros da eletrónica em Portugal, mas também conselhos preciosos para os novos DJs que procuram fazer a diferença.

Começaste a tua carreira profissional em 1986 no club “Os Franceses”. Como foi dar os primeiros passos na cena musical de Portugal naquela época? Que música se ouvia?
Eu celebro 38 anos de carreira, mas só conto a partir do momento em que comecei a trabalhar profissionalmente. Sim, foi nos “Franceses”, no Barreiro, onde entrei como segundo DJ e light-jockey, substituindo o DJ principal nas suas folgas e aprendendo a controlar as luzes. Antes disso, já fazia festas da escola e aniversários, mas foi em 1986 que comecei a sério.

A música era variada: desde soul e reggae até algum rock e, claro, os slows, que eram o ponto alto das noites. Havia muitas pessoas paradas só à espera desse momento (risos…). Aos domingos à tarde, quando eu assumia, arriscava um pouco mais com faixas dançáveis, fugindo do rock pesado, que nunca foi a minha cena. Nessa altura, o DJ era visto como mais um funcionário da casa, tinha que ajudar nas limpezas da cabine ou da pista e participar nas reuniões do staff. E ainda aparecia o gerente na cabine a dar instruções para meter esta ou aquela música, tocar os slow mais cedo… a malta nova não tem noção do que era essa realidade!

Só mais tarde, com o Alcântara Mar e o Kremlin em 1989, é que o papel do DJ ganhou outra dimensão e o conceito de tocar só música eletrónica ganhou força. Aliás, do que eu me lembro, o Alcântara foi a primeira casa a tocar eletrónica do inicio ou fim da noite, sem reggae ou slows pelo meio…

o DJ era visto como mais um funcionário da casa

A experiência de residente é importante para uma carreira de DJ?
Eu fui DJ residente durante mais ou menos 10 anos e é importante para teres uma bagagem musical maior e te adaptares a eventos diferentes. E eu gosto mesmo de estilos musicais diferentes dentro da eletrónica, e vou do afro-house até ao techno… e isso ás vezes acaba por ser difícil porque as pessoas querem colocar um rótulo: este é dj techno, aquele é de house

Quais foram as tuas primeiras edições enquanto produtor?
O meu primeiro trabalho editado foi em Março de 1995, uma remix dos OLN no “Oporto Deep Cuts EP” primeiro pela Kaos Records e mais tarde, no final de 95, pela Tribal America/UK onde o meu (e do Paulo Rocha) “Acid Error Mix” aparece como tema principal da edição, por recomendação do Danny Tenaglia.

Depois surge a Magna Recordings…
Sim, em 2000, com mais experiência e após os erros da Magnetic, lançámos a Magna Records, desta vez com uma distribuidora internacional a apoiar-nos. O primeiro lançamento foi em Maio, com o meu tema original “Feel the Drums” e “The First Tribal Feeling” do Pete Tha Zouk e Bruno Marciano. Inicialmente, mandámos fazer 500 cópias de cada, um pouco a medo, mas uma semana depois já estávamos a encomendar mais 1.500, porque esgotaram rapidamente.
A distribuição internacional fez toda a diferença, permitiu-nos chegar a todo o lado…

carlos manaça

Como é que a mudança para Espanha em 2002 e o curso de Engenharia de Áudio influenciaram o teu som e o teu trabalho como produtor?
Influenciou muito. Eu comecei a produção com os OLN, o Paulo Rocha e o João Correia, com quem aprendi imenso. Mas houve um momento em que percebi que precisava de expandir o meu conhecimento, especialmente em áudio e mistura.

A união criativa e colaborativa é algo que ainda hoje não vejo em Portugal

Depois do curso acabaste por ficar a viver em Madrid…
Durante o curso, já tocava regularmente em discotecas de Madrid, como a Kapital e o Space of Sound, e desenvolvi uma ligação com a cena local, especialmente com o DJ Chus. Gostei tanto da experiência que decidi mudar-me para Madrid, onde fiquei 18 anos, até 2020, e vinha a Portugal só aos fins de semana para trabalhar.

Madrid era um verdadeiro hub de música eletrónica naquela época, especialmente com o surgimento do Iberican Sound. Havia uma energia criativa e uma partilha de ideias que nunca vi em Portugal. Os artistas colaboravam, trabalhavam nos estúdios uns dos outros e partilhavam plugins e técnicas, o que era muito enriquecedor. Cada produtor tinha a sua própria abordagem, mesmo usando os mesmos programas, e esse ambiente colaborativo impulsionou imenso o meu crescimento técnico e artístico. Comecei a trabalhar com diversos artistas, como o Chus&Ceballos, o D-formation, o David Penn ou o David Lara.

Essa união criativa e colaborativa é algo que ainda hoje não vejo em Portugal. Não digo que não haja colaborações aqui, mas essa comunidade criativa tão forte e aberta como existia em Madrid, eu ainda não encontrei em Portugal.

Foi um período de grande criatividade e partilha que deixou uma marca importante na minha carreira.

No próximo mês tens uma festa de celebração dos teus 38 anos. Como é que surgiu esta ideia e o que é que podemos esperar…
Sim, vai ser uma celebração especial. Originalmente, seria a festa dos meus 35 anos de carreira, mas com a pandemia pelo meio… passou para 35+3. Vou fazer um back-to-back com todos os artistas convidados: Dubtiger, o meu filho Gui, XL Garcia, Miss Sheila, Tiger Lewis e Guitos ao vivo.

Texto: Nuno Rodrigues
Fotos: D.R.

Não percas a entrevista completa com Carlos Manaça – Exclusivo para “Dance Club Members

• O percurso profissional de Manaça desde 1986;

• A sua visão sobre o fenómeno das raves atuais e o hype em torno do hard techno.

• A experiência de trazer Armand Van Helden ao Rock’s, e como isso colocou o club na rota dos grandes nomes internacionais.

• Os desafios de gerir uma editora independente, a Magna Recordings, e conselhos valiosos para novos produtores.

• O impacto da pandemia nos clubs e a concorrência dos novos eventos;

• Dicas essenciais para novos DJs construírem uma carreira sólida.

Estas são apenas algumas das histórias fascinantes que Carlos Manaça partilhou connosco. Não percas o acesso completo a esta e outras entrevistas exclusivas. Torna-te um ‘Dance Club Member’ hoje!

Em alternativa podes adquirir apenas o acesso à entrevista completa de Carlos Manaça por apenas 2,99€. Clica aqui >>

 

By Nuno Rodrigues