Pete Tha Zouk – “Sou um DJ transversal!”

pete tha zouk

Pete Tha Zouk, um dos principais DJs de música eletrónica em Portugal, celebrou 30 anos de carreira em 2023. Nesta entrevista, realizada numa praia do Algarve, onde se sente em casa, Pete reflete sobre o início da sua trajetória, o papel fundamental de espaços como o Mitto, Locomia e Capítulo V na sua formação, e revisita momentos importantes, como a colaboração com DJ Vibe, a masterização de “The First Tribal Feeling” no estúdio de Chus&Ceballos, a entrada no top da DJ Mag (e as suas polémicas), além do início da sua relação especial com o Brasil.
Pete destaca a importância de ser um artista versátil e explica como as suas “raízes tribais” continuam a influenciar a sua sonoridade.

Como é que vês o cenário atual dos clubs em Portugal?
Custa-me muito dizer isto, mas sinto que os clubs vão desaparecer. Acho que lentamente vão ficar apenas aqueles que são marcos nacionais, que sempre foram, que já passaram por não sei quantas crises e nunca fecharam as portas. Mas conseguimos olhar para o panorama nacional e saber que existiam 100 discotecas e hoje existem 20, e mesmo essas 20 já não contratam os DJs com a frequência de antes. O que tem acontecido é que os municípios começaram a fazer festas. A contratar DJs, a contratar bandas, a fazer festas com entrada livre. Obviamente que uma discoteca nessa noite vai estar vazia. Então, há que saber dosear isso, e se calhar ter que saber fechar a porta numa determinada altura do ano, para não se perder dinheiro, e abrir noutra.

Mas os municípios a contratar DJs é uma coisa boa, porque assim é uma forma de o mercado dos DJs continuar a reciclar e a aparecerem jovens. Antes um miúdo começava a tocar num bar. Hoje, sem querer, ele aparece pela primeira vez a tocar em cima de um palco de um município porque lhe deu essa oportunidade.

As tuas datas também tem passado muito por fora dos clubs?
Eu diria que 90 % já são fora dos clubes. É triste mas é uma realidade…

o Pete Tha Zouk está a viver uma nova era!

Também tens o teu próprio sunset, em Agosto, como é que surgiu essa ideia?
Esse projeto nasceu no NoSolo-Água Vilamoura juntamente com um grande amigo italiano que é o Franco que me desafiou a tocar uns discos no restaurante/bar, e era uma coisa pequenina… e de repente tínhamos 100 pessoas a dançar à minha volta.

Em 2012 subi um bocado a fasquia e até cheguei a aterrar na Praia de paraquedas, que foi algo complexo… até tivemos de conciliar com as aterragens no aeroporto de Faro… foi um bocado assustador (risos…)!
Mas depois, por razões logísticas e de estar a crescer a assistência, tive de mudar em 2013 para o NoSolo de Portimão e para a Praia da Rocha… e tem sido muito giro… em 2014 até envolvi o Luis de Matos que me fez aparecer por magia no palco!

O conceito dos últimos anos tem sido trazer alguns amigos, lançar novos talentos… mas uma coisa que tenho feito questão é que o sunset seja sempre gratuito e para todas as idades. É uma oferta do Pete Tha Zouk para os fãs.

E o vinil dos 30 anos Pete tha Zouk ?
Essa ideia começou com um convite da Fnac, através do Paulo Antão, para tocar na “festa do vinil” deles, e eu decidi aproveitar a oportunidade para lançar o meu próprio disco. Fiz uma edição limitada de 250 cópias, escolhendo quatro faixas que têm um significado especial para mim.

Incluí o “The First Tribal Feeling”, claro, que foi o meu primeiro lançamento. Também inclui “Steal The World”, uma colaboração com dois jovens talentos do norte de Portugal, Drek & Roland Cost. No lado B, coloquei o “Paradise”, uma faixa dedicada ao Algarve, que antes só estava disponível em formato digital, e “Been Too Long”, que conta com a participação da cantora Kellie Allen. Conheci a Kellie em 2012, quando ela veio ao sunset Infinity e se apaixonou tanto pela cena DJing que mais tarde foi viver para Ibiza.

Acho importante ter um objeto físico que crie uma conexão com as pessoas. Fiz alguns giveaways, e a Fnac também ajudou a promover o disco na sua revista. Muitos fãs trouxeram o vinil para que eu assinasse durante as festas, o que criou uma proximidade ainda maior.

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O que te falta fazer nos próximos 30 anos?
São muitas coisas, mas até mais a nível internacional do que nacional…
Neste momento, o Pete Tha Zouk está a viver uma nova era, que começou após o mês de Maio deste ano, porque as circunstâncias assim o obrigaram. E o que é facto, é que a procura dos clientes quadriplicou! Se antes tinha um pedido, hoje tenho 4, se antes fazia 32 datas por ano, agora se calhar vou fazer 120. E até de outros países, da Suíça, França, Estados Unidos, Brasil…
Além disso juntei uma pessoa à minha equipa, que é o Inácio Ramos, que tem os mesmos objetivos que eu e, sobretudo, é 10 anos mais novo! É toda uma visão nova, uma nova era, como gostamos de chamar…

Mas antes essas portas estavam fechadas?
Havia uma espécie de bloqueio, que nem eu tinha conhecimento, sobre o melhor posicionamento do artista Pete Tha Zouk…
Enfim, o que é certo é que, se algo estava errado antes e agora está resolvido, então vamos aproveitar essa oportunidade para crescer!

 

Não percas a entrevista completa com Pete Tha Zouk.

O início de carreira no Mitto e na Locomia: Pete Tha Zouk reflete sobre como as suas primeiras experiências nestes locais moldaram a sua identidade como DJ.

Colaboração com DJ Vibe: Descobre como a parceria com DJ Vibe em “Solid Textures” foi um ponto alto na sua carreira.

Entrada no mercado brasileiro: Pete Tha Zouk partilha as suas ideias sobre como DJs portugueses podem conquistar o exigente mercado brasileiro.

DJ Mag top 100 DJ’s: É manipulado? Pete revela os seus insights, tendo alcançado a posição #37 no ranking!

Estas são apenas algumas das histórias fascinantes que Pete Tha Zouk partilhou connosco. Não percas o acesso completo a esta e outras entrevistas exclusivas. Torna-te um ‘Dance Club Member’ hoje!

By Nuno Rodrigues